sábado, 5 de janeiro de 2013

Ted

2012 / EUA / 106 mim

Seth MacFarlane (criador de Uma Família da Pesada) leva seu humor inteligente às telonas, em seu primeiro filme com atores reais. O resultado é uma obra fiel à sua criativa e ousada abordagem critica e maldizente.

John (Mark Wahlberg) é uma criança solitária que é constantemente rejeitada pelos outros meninos de sua idade (fato explicado em uma das cenas mais engraçada do filme). Triste na noite de Natal faz seu inocente e sincero pedido, que seu novo presente, um ursinho de pelúcia, pudesse falar, tornando-se assim seu melhor amigo.

Como "nada é mais poderoso do que o pedido de um garotinho", na manhã seguinte, o desejo torna-se realidade. Diferente do tigre Haroldo de Calvin, Ted realmente ganha vida e interage com todos. "Um milagre de Natal... Como o bebê Jesus", conclui sua mãe emocionada, após o cômico choque inicial.

Ted vira notícia e mesmo com toda a fama que o arrebata, a promessa de "melhores amigos para sempre" não é jamais enfraquecida; os dois crescem juntos e inseparáveis, fieis ao importante voto. Até o dia em que John começa a namorar…

Agora, com 35 anos de idade, um emprego e quatro anos de namoro com Lori (a belíssima Mila Kunis, que dubla Meg em Uma Família da Pesada), John ainda continua muito apegado a Ted e sempre deixando suas responsabilidades em segundo plano, inventando desculpas para fumar bongue, beber cerveja e assistir Flash Gordon com seu amigo felpudo.

Lori, cansada dessa postura displicente, dá a John um ultimato: “Eu preciso de um homem! Não de um garotinho com um ursinho de pelúcia”. Bem intencionado com a certeza de seu amor pela garota, ele explica a situação a Ted, fazendo com que ele arrume um emprego e mude para outro apartamento.

Mas o que Lori não sabe é que uma amizade verdadeira não se aparta tão facilmente assim...

Em um exemplo prático, Ted desempenha um papel semelhante ao de Alan em Se BeberNão Case, sendo uma originalíssima metáfora totalmente adequada às diversas situações conjugais e cotidianas. Essa força de expressão é efetivamente valiosa, ainda mais quando aplicada em uma despreocupada comédia e com um personagem tão alegórico.

Ted deve ser visto com atenção, pois cada cena tem um duplo sentido, referência, sátira ou afrontas dispostas sutilmente (ou descaradamente) por MacFarlane. Além disso, há participações de muitas celebridades (importantes ou não) e hilárias menções de muitas outras (importantes ou não). Se você nasceu ou viveu durantes os anos oitenta, muitas piadas e alusões farão mais sentido  - e mais ainda se você for homem e já teve uma namorada.

Nem tudo é perfeito, contudo. A trama (se é que se pode ser chamada assim) é fraca, e a pressa para mudar de assunto (e voltar para a comédia) é percebida; entretanto são pormenores quando analisa-se a obra como um todo (a sequência da briga, por exemplo, compensa qualquer falha na carreira de MacFarlane).

Para ser vista mais do que uma vez, essa excelente comédia consegue ser "quase" que obrigatória.

Curiosidades

Seth MacFarlane além de dublar Ted, proveu todos os seus movimentos através de motion capture (deixando ainda mais eminente sua paixão pela Animação).

Em uma cena os amigos fazem uma rápida piada com 11/9. Isso se dá ao curioso fato de que ambos MacFarlane e Wahlberg tinham vôos agendados no American Airlines 11, avião que colidiu na torre norte do World Trade Center. Wahlberg cancelou o vôo dias antes, pois decidiu dirigir até Nova Iorque e MacFarlane chegou dez minutos atrasados no aeroporto.

Quando Lori olha para o céu no final do filme, é possível ver a constelação Ursa Menor (chamada popularmente lá fora de Little Bear)

Em dezembro de 2012, Ted foi considerada a comédia live-action "R-rated" (sistema de censura americano) mais pesada de todos os tempos.

A sequência, Ted 2, já foi anunciada. As filmagens devem começar no segundo semestre de 2013.

Frase
Can you just email me the rest of this story?

Nota 8

Um comentário:

  1. Adorei a crítica Athila! Acho que foi bem engraçado no cinema principalmente por fazer piadas que normalmente não são jogadas explicitamente, por mais "aberto" que o mundo seja. O choque de uma realidade que existe sim, com toda certeza, é o que provoca a censura. Censura, muitas vezes, hipócrita. Acho também uma comédia obrigatória, como vc bem mencionou, mesmo que ele pule reflexões que seriam ótimas, e aluda a uma comédia romântica, com o "feliz conserto" do homem perdido de 35 anos.

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